quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Sobre a Minha Tradução de "Como os Sábios Decidem"

Comento abaixo sobre uma das minhas traduções favoritas e que tem me ajudado muito no momento da tomada de decisões acertadas. Recomendo como leitura!





Título Original:   How the Wise Decide (The Lessons of
                              21 Extraordinary Leaders)
Autores:               Bryn Zeckhauser e Aaron Sandoski       
Editora:               Ediouro  
Ano/Tradução:    2008  
 

Como os Sábios Decidem (As Lições de 21 Líderes Extraordinários) é uma obra que permanecerá sempre atual, não apenas em tempos de crise e não apenas no mundo empresarial, porque o ser humano vive numa eterna busca de soluções para problemas e diante de uma constante necessidade de tomada de decisões. Problemas e decisões difíceis existem em qualquer área, naturalmente, não apenas no mundo corporativo. Apesar de ser um guia escrito por gerentes para gerentes, repleto de conselhos de como se tomar grandes decisões, acredito que ele sirva de inspiração para qualquer pessoa, pois os estudos de casos são claros, interessantes e elucidativos. 
Evidentemente, o livro está mais atual do que nunca agora, época em que vivemos uma crise financeira global. Os autores, BRYN ZECKHAUSER e AARON SANDOSKI, fizeram um estudo aprofundado de três anos de duração com 21 dos líderes mais extraordinários do mundo, cuja atuação tem se dado em setores diversificados. Entre eles, encontram-se John Whitehead, do Goldman Sachs; David Maxwell, membro da lista de “Os 10 Maiores CEOS de Todos os Tempos” da revistaFortune; juiz Stephen Breyer, da Suprema Corte dos E.U.A; Stephen Schwarzman, presidente e CEO (Chief Executive Officer) da The Blackstone Group, a poderosa empresa de investimentos; Harvey Golub, responsável pela guinada na American Express na década de 1990; e Dermot Dunphy, ex-presidente e CEO da Sealed Air.
Como os Sábios Decidem é dividido em partes importantes onde são abordados seis princípios fundamentais para a tomada de decisões, debatidos diretamente com os sábios líderes: Ir Direto à Fonte, Encher uma Sala com Bárbaros (pessoas com opiniões diferentes), Vencer o Medo de Correr Riscos, Fazer da Visão o Seu Guia Diário, Ouvir com Propósito e Ser Transparente. Enquanto cada princípio é explicado e cada um dos 21 líderes é apresentado, sua história de superação e sucesso é relatada, muitas, sendo, inclusive, lendárias no mundo corporativo. A pergunta-chave do livro é: Como os líderes realmente bem-sucedidos tomam as decisões difíceis? Cada história de cada um desses líderes é fascinante porque eles tomaram decisões corajosas, arrojadas, que, por vezes, até contrariaram o que desejava a maioria, ou o que parecia mais seguro e viável.
Para ilustrar, cito uma das minhas histórias favoritas do livro, a do ex-CEO da Starbucks, Orin Smith, que, numa época em que analistas julgaram praticamente impossível expandir ainda mais o mercado interno da Starbucks, ele encontrou a solução para expandi-la em mercados ainda não explorados, mantendo o nível de crescimento com sua determinação, empenho e uma sábia decisão. É uma história imperdível e está no primeiro capítulo, Ir Direto à Fonte, que discorre sobre esse princípio. “Ir Direto à Fonte” foi exatamente o que Orin Smith fez, descobrindo que havia um mercado ainda inexplorado e amplo que queria ter a Starbucks, o que resultou no encontro da solução perfeita para os negócios da empresa.
E a exemplo da história de Orin, as dos demais líderes são igualmente cativantes, tornando o livro uma leitura agradável, útil, que prende até o final.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Como Fazer uma Boa Tradução

     Uma das frases que mais me marcou quando fiz a faculdade de tradução foi a seguinte: “O tradutor tem de ser fiel ao autor”. É onde reside todo o alicerce para se traduzir. É o que eu costumo chamar de “entrar na mente do autor”.   Em primeiro lugar, o tradutor tem que entender perfeitamente o que o autor quis dizer para poder transmitir isso a outras pessoas. É como se ele fosse uma ponte entre o autor e o leitor. No caso de um manual técnico, não há essa espécie de “envolvimento” com o autor, mas, da mesma maneira, o tradutor precisa entender com toda a clareza o original.
     O ideal antes de se fazer uma tradução é ler o texto original. Quando o texto é curto, isso é possível e facilita o entendimento. Mas quando se trata, por exemplo, de um livro de 300 ou 400 páginas, não há tempo hábil, pois os prazos costumam ser apertados.
     O que faço é dar uma olhada geral no livro, descobrir o tema, calculando aproximadamente quantas páginas preciso traduzir por dia e ir me preparando para as pesquisas que terei que fazer. Não apenas em livros técnicos sobre determinados assuntos, como também em romances sempre há coisas a se pesquisar para um melhor entendimento. Num romance que se passa em outro país, geralmente é necessário pesquisar sobre a cultura, culinária, lugares típicos, tradições, etc.
     Faço minhas pesquisas no Google, mas entro em vários sites procurando aqueles que são confiáveis, como, por exemplo, sites de portais, de revistas, de instituições de ensino, etc. Acontece que existem inúmeros blogs e muitas vezes um texto idêntico aparece em vários deles e é impossível saber a fonte. Assim, vou pesquisando até encontrar o que preciso numa fonte confiável para, assim, poder estar a par da informação correta. Também ajuda olhar as imagens do Google, pois, às vezes, descobrimos que uma palavra para a qual não encontrávamos tradução é, na verdade, o nome da marca de um produto.
     Também sou da época em que não existia internet, apesar de adorar seus recursos, da época em que se pesquisava em livro de papel, em enciclopédia. Aliás, tenho uma enciclopédia que já usei muito e uma pequena coleção de livros. Sempre que surge um livro com um determinado tema que preciso entender melhor, vou até o sebo e escolho um ou dois livros em português sobre o tema que julgo adequados. (Claro que não iria até a livraria gastar muito para comprar livros para traduzir outro livro; não faria sentido.) Esses livros do sebo têm sido muito úteis como complemento das pesquisas, não tendo influenciado em nada na precisão dos temas o fato de não serem zero quilômetro; apenas ignoro a ortografia antiga, claro.
     Começo, então, a traduzir um livro no Word. Quando chego a algum ponto que precisa ser pesquisado, só paro para isso quando é algo rápido. Quando percebo que será mais demorado, para não atrapalhar o rendimento, deixo uma marca na tradução para pesquisar depois. Assim, prossigo. Como não li o livro antes, volto atrás e corrijo algum detalhe que não havia entendido bem antes. (É um luxo para quem traduziu por muitos anos com uma máquina de escrever no começo da carreira).
     Conforme a tradução prossegue, vou me aprofundando mais nas ideias e pensamentos que o autor quis transmitir. Chega o ponto em que costumo dizer para mim mesma que “peguei intimidade” com o livro. Não sei explicar, talvez seja a experiência. Nesse ponto, eu me sinto como se já o tivesse dominado e tudo vai fluindo melhor. Na verdade, costumo me “afeiçoar” a todos os livros que traduzo e procuro fazer isso da melhor maneira possível, como se fossem meus, para que fiquem exatamente da maneira que o autor pretendeu no original.
     Depois que termino de traduzir o livro, termino de pesquisar o necessário e preencho todos os trechos onde deixei as marcas. Quando a tradução está totalmente pronta é aonde chego à fase que chamo de “conferência”. Leio a tradução inteira desde o começo com atenção e vou corrigindo eventuais erros de digitação e fazendo uma ou outra alteração que acho necessárias de palavras ou trechos. Enfim, envio a tradução pronta para a editora, onde ela passará pela revisão e preparação.
    Faço todo esse processo, desde o recebimento do livro, passando pela tradução, pesquisa, conferência, até a entrega dentro do prazo que me foi estipulado. Por essa razão, como é um trabalho longo e minucioso, me esforço para administrar o tempo de acordo.
     Quando traduzo, me faço a pergunta: “Como eu diria isto em português?”, ou “Como as outras pessoas diriam isto em português?” Ou seja, não devemos fazer uma tradução literal, mas traduzir de uma maneira que o leitor entenda, que soe natural para ele. Também temos de usar uma linguagem que leve em conta o público alvo: infantil, infantojuvenil, adulta, técnica. Temos de traduzir gírias, ditados, provérbios de acordo com os nossos e fazer adaptações quando necessário.
     Uma coisa que leio ou ouço em traduções na tevê e não acho adequado (soa estranho) é quando traduzem o nome de uma personalidade ou programa estrangeiros usando nomes brasileiros que são desconhecidos para os americanos, ingleses, etc. naquele contexto. Existem muitos nomes de personalidades e programas do país de origem que são mundialmente conhecidos e poderiam ser usados na tradução.
     Outro cuidado que se deve tomar quando se traduz um romance, em geral com dois protagonistas, é evitar o uso excessivo de ele e ela. Procuro equilibrar o texto intercalando ele e ela com os nomes dos personagens e usando os pronomes pessoais lhe(s), o(s), a(s), si e a palavra “ambos” como recurso. Só tomo o cuidado de dosar tudo isso para não exagerar em nenhuma das palavras. E o mesmo se aplica às palavras e termos em geral, evitando-se repetições.
     Como enfatizei em outro texto, até melhor do que o próprio inglês (embora ele tenha de conhecê-lo a fundo), é imprescindível que o tradutor saiba português muito bem, pois é nesse idioma que apresentará o resultado final do seu trabalho.


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Alguns Comentários Sobre Tradução:

É preciso que o profissional da tradução (formado em Letras/ Tradução ou não, uma vez que a profissão não é regulamentada) seja bem preparado em vários aspectos, especialmente no português, além do idioma(s) estrangeiro(s), naturalmente. Imagine a seguinte situação:


● Você tem um mês para traduzir um livro, dependendo de cada caso.
● Esse livro fala sobre vários assuntos, sendo que de alguns você entende mais, de outros menos, como todo mundo. Então, tem de pesquisar muito.
● Há também vários termos nesse original cuja equivalência em português é difícil de encaixar.
● Para dar conta do prazo, você trabalha de dia e, às vezes, à noite e até aos sábados e domingos, tendo de usar muita disciplina para criar e cumprir seu próprio “horário de expediente”. (Com o devido respeito, talvez seja também por isso que São Jerônimo é representado “acabado, só o pó” na maioria das imagens que vemos...)
● Em muitos casos, a tradução não vai passar por um revisor técnico. Além de algumas eventuais mudanças de uma palavra ou outra, praticamente só a gramática e erros de digitação serão corrigidos na revisão.
Assim, uma das primeiras dicas que dou (ou ao menos algo que faço sempre) é:
√ Faça você mesmo uma revisão prévia da sua tradução. Pode parecer cansativo, mas faz parte do processo.
√ Depois que você terminou de traduzir e mudou o que precisava e arrumou tudo o que tinha de arrumar (lacunas que deixou para pesquisar depois, etc.), ou seja, depois que o texto traduzido ficou pronto, leia-o inteiro com atenção.
√ Não chamo isso exatamente de revisão, mas de "conferência". Com certeza, você terá a chance de arrumar erros, notar imprecisões, falhas, etc., que passaram despercebidos antes.
√ Claro que os revisores fazem isso em seguida e são excelentes profissionais, donos de infinita paciência, corajosos em assumir tal responsabilidade, e têm grande conhecimento.
√ Mas, ao conferir seu próprio trabalho, você o está deixando mais limpo, preciso, diminui a chance de que saia com erros e deixa bem claros pontos que talvez nem o revisor percebesse se não estivessem tão adequados, pois não foi ele quem traduziu.
√ Claro que alguma coisa sempre passa (e é aí que contamos com o revisor), porque acontece às vezes que, de tanto lermos e relermos a mesma coisa, simplesmente não "enxergamos" o erro. E há também aqueles casos em que o revisor tem a visão mais apurada para deixar frases suas ou termos com melhor sentido, ou mais bem elaborados. É natural. Faz parte do trabalho em equipe.
√ Mas a primeira responsabilidade para com a tradução é sua, tradutor. Afinal, quem leu o original, quem "praticamente entrou na mente do autor", por assim dizer, e captou todas as nuanças do que ele queria dizer, quem está transmitindo inteiramente isso com suas próprias palavras ao leitor, até mesmo como um coautor (sempre fiel ao autor), é você, tradutor.
√ É o seu nome, tradutor, que é publicado na obra e é você que ganhará os louros por seus esforços, ou é você que será criticado por seus eventuais tropeços depois que a obra tiver sido publicada.
√ Afinal, geralmente é assim em todas as profissões. Pergunte aos goleiros. Mil defesas espetaculares e um "frango" catastrófico. Adivinhem o que será mais comentado, pelo que eles serão lembrados? Mas são os ossos do ofício.


Cumprimento todos os meus colegas tradutores que bem sabem quanto nossa jornada é árdua, mas também imensamente prazerosa.



terça-feira, 30 de setembro de 2014

30 de Setembro - Dia do Tradutor – São Jerônimo


     O Dia do Tradutor é comemorado mundialmente em 30 de setembro em homenagem a São Jerônimo, que traduziu a Bíblia para o latim, levando 15 anos para a sua conclusão. É também o Dia da Bíblia. Foi o Papa Dâmaso I que o incumbiu de traduzir a Bíblia para o latim, graças ao seu conhecimento deste idioma, do hebraico e do grego. O santo padroeiro dos tradutores morreu em 30 de setembro de 420, razão da escolha da data. São Jerônimo também é o santo protetor das Secretárias por ter sido o secretário do Papa Dâmaso.



quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Setembro - Mês do Tradutor

O tradutor não apenas gosta, mas precisa aprender mais e mais sobre os povos e culturas do mundo inteiro, antigos e novos.













quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Vida de Tradutor

   Como estamos no mês do Tradutor, uma vez que o Dia Mundial do Tradutor se comemora em 30 de setembro, vou iniciar as postagens deste mês com uma crônica que escrevi há algum tempo sobre as "venturas e desventuras" dos profissionais da tradução.

     Sou da época em que se traduzia com máquina de escrever, e imaginem o sufoco para se alterar alguma coisa, havendo só o “branquinho” como recurso. Depois, houve um tempo em que, sem grana para um computador, eu fazia as traduções à mão para, em seguida, serem digitadas na editora. Pobre do calo do meu dedo. Era bem ao estilo do nosso padroeiro, São Jerônimo, e ele nem sequer contava com a sofisticação do papel e da caneta de hoje em dia. Mas adoro meu trabalho, apesar dos percalços.
     Já aconteceu praticamente de tudo. Já trabalhei com micros e programas ultrapassados, incluindo um Word do arco-da-velha que eu não queria largar. Enfim, o pobre coitado pifou e, como não existia mais, tive de arrumar a acentuação inteirinha do livro, a fim de não perdê-lo, no Windows. Foi quando descobri o Ctrl+U e nunca mais o esqueci. Sem um escritório, trabalhei em tudo que é canto da casa, em meio a todos os tipos de ruídos e interrupções. Costumo dizer que, se houver uma tomada por perto, consigo trabalhar até no meio de um vendaval (sim, já ouvi falar sobre a existência do laptop). Agora, tenho um minúsculo escritório que chamo de “The Office”, não pela opulência de sua metragem, mas pelo gostinho de sonho realizado.
     Amo traduzir e me dedico como se os livros fossem meus, para que o autor saia o melhor possível na “fita” em português também. Inevitavelmente, fico mortificada com os eventuais deslizes. É triste depois de traduzir, pesquisar, conferir, ler, reler, você deparar com alguns erros na tradução após ter sido entregue. E publicada, então! Faço o máximo possível, mas, às vezes, de tanto ler algo, a gente simplesmente não enxerga o erro. E, de vez em quando, aparece cada coisa para lá de esquisita para pesquisar!
     Já deram de cara com aquelas palavras inventadas, termos que o autor quis usar de um jeito particular qualquer, regionalismos, marcas de produtos que ninguém nunca viu mais gordas, trocadilhos que têm de fazer sentido em português, poemas que têm de rimar e tantos outros detalhes? Sem mencionar quando o micro resolve não cooperar muito e surge o tal “erro do programa”, ou coisa parecida.
     Prazos apertados. Novas regras de ortografia para assimilar. Trabalhar em casa, que é ótimo, mas com mil e uma coisas pressionando em volta. Folgar na segunda-feira e trabalhar no final de semana quando os outros estão passeando. Ler sobre assuntos sobre os quais jamais se leria em outras circunstâncias, para fins de pesquisa. Trabalhar à noite com aquela baita dor nas costas, olhos ardendo, o sofá acenando por perto. Não poder ver sangue e ter de descrever cenas escabrosas, deitar por 30 segundos até o mal-estar passar e voltar ao computador. E, agora, para ficar tirando o trema que aparece automaticamente? Lá vai o Ctrl+U. Ou existe outro recurso para isso? Sei, sei, os novos revisores ortográficos. E dominar o uso dos hífens, que já não eram bolinho antes!

     Bem, são os “bones” do ofício, se me permitem o neologismo tosco. De qualquer modo, meu velho micro mais recente deu PT (Perda Total) um dia desses e tive de comprar outro, novinho em folha, uma pintura de moderno. Finalmente, alcancei o século 21.


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Tradução de "O Atlas Mundial do Whisky"



Título Original:     The World Atlas of Whisky
Autor:                    Dave Broom
Editora:                 Larousse
          
Sinopse e comentário sobre a minha tradução:

      O Atlas Mundial do Whisky, de Dave Broom, foi um dos livros mais incríveis que já traduzi e representou um grande desafio profissional, pois exigiu muita pesquisa. É bem mais abrangente do que o livro que eu havia traduzido antes do mesmo tema, "Whisky Classificado" (que se limita aos single malts, embora seja igualmente esplêndido). O Atlas Mundial do Whisky é uma espécie de enciclopédia que fala a respeito do whisky em todas as partes do mundo, especialmente na Escócia, como não poderia deixar de ser. Não engloba apenas single malts, mas whisky de grãos, bourbon, whisky japonês, blends, etc. E as ilustrações são belíssimas. O leitor fica até com vontade de fazer um tour pela maravilhosa Escócia e por outras partes do mundo para conhecer as destilarias, quer seja apreciador de whisky ou não. 
     O especialista Dave Broom relata tudo sobre o whisky em termos mundiais, descrevendo todas as destilarias da bebida, contando fatos históricos, curiosidades, explicando sobre meios de acesso, oferecendo dicas, dados geográficos e técnicos em si a respeito do processo de destilação. Além dos single malts, são comentados aqui o whisky de grãos, além dos blends consagrados como Chivas Regal, Johnnie Walker, Dewar’s , Grant’s... O autor incluiu um mapa de sabor personalizado para cada destilaria, avaliando detalhada e claramente amostras de whiskies de cada respectiva destilaria, incluindo não apenas expressões consagradas, já engarrafadas, mas também amostras de tonel e amostras do destilado recém-fabricado (ou seja, o espírito novo).
     São extremamente interessantes as categorias dos sabores, que englobam desde as notas mais comuns e conhecidas, como “frutado”, “turfoso”, etc., passando por descrições abrangentes e algumas inusitadas _ como “presunto defumado”, “couro”, “carne” _ até avaliações subjetivas e românticas como “bosque na primavera” “pôr do sol no mar”, provenientes de lembranças que determinado whisky evoca, de impressões ou associações.  Em O Atlas Mundial do Whisky também encontramos mapas abrangentes de todas as regiões produtoras de whiskies e dos melhores blends, onde se identificam as destilarias e os locais mais importantes ao redor.
     A começar pelo merecido destaque à “mãe” Escócia, com seus cobiçados Macduff, Dalmore, Glenlossie, Glenmorangie, Ardmore, Glenlivet, Macallan, Jura, Benrinnes, Cardhu, entre tantas outras “joias raras”, prosseguimos nossa “viagem”, descobrindo que o whisky também é produzido, por exemplo, no Japão. Revela-se a maneira como a bebida chegou até lá, através do pioneiro e lendário Masataka Taketsuro, apaixonado pelo whisky escocês. Comprova-se que o whisky não é uma cópia do escocês, como muitos podem pensar, mas que conquistou o seu próprio estilo. Seguindo com o nosso “tour” pelo livro, vemos como é toda a produção nos Estados Unidos (com seus consagrados bourbons e whiskies de centeio), Canadá, Irlanda e demais partes do mundo. Descubra como o whisky foi conquistando espaço também na Inglaterra, País de Gales, França, Holanda, Bélgica, Escandinávia, Espanha, África do Sul, Índia e Extremo Oriente, Austrália, etc.
     Além das informações completas sobre a história dessa bebida e das destilarias, sobre o processo de fabricação do whisky, há magníficas fotos ilustrando o Atlas inteiro, dando ao leitor a oportunidade de se transportar, ao menos na imaginação, até lugares deslumbrantes, onde a fabricação do whisky não só é uma atividade industrial e comercial, incluindo alta tecnologia e inovação, mas também um trabalho artesanal, que ainda remonta aos tempos antigos da destilação e envolve paixão, dedicação e criatividade.
Abra o Atlas, por exemplo, na página 82 e apaixone-se pela bucólica Glen Grant; ou na página 170 e depare com a Bowmore à beira de um misterioso mar bravio; ou na página 222 e surpreenda-se com a fascinante Miyagikyo; ou ainda na página 255 e faça uma deliciosa viagem de volta no tempo através da história do whisky do Tennessee...
     O renomado e premiado especialista Dave Broom criou uma obra indispensável tanto para apreciadores novos quanto experts em whisky. O Atlas Mundial do Whisky contém todas as informações pertinentes sobre esse fascinante espírito e opiniões francas baseadas em inúmeras degustações e pesquisas. É um guia fácil de ser consultado, de leitura bastante agradável, que orienta e ensina, além de ser um belo complemento para qualquer tamanho de coleção que se possua de whiskies e de livros sobre o tema.


P. S.: Em relação à tradução em si, tive de pesquisar bastante a respeito dos equipamentos utilizados no processo inteiro de fabricação de whisky, como os vários tipos de alambiques, por exemplo, e, em muitos casos foi difícil encontrar o equivalente para certos termos no português. O próprio processo de fabricação engloba várias etapas que traduzi passo a passo como no original. Há a parte histórica e geográfica do livro que exigiu a pesquisa para a comparação do que existe paralelamente ou não. Às vezes, há locais e personagens históricos num livro a ser traduzido que já têm um equivalente na língua de destino. Outro detalhe fundamental foi a pesquisa referente às categorias de sabores porque as notas de cada amostra apresentada da bebida são descritas minuciosamente. Enfim, foi um trabalho de tradução longo, árduo, mas extremamente gratificante. E como acontece com todos os livros que traduzo, pois me aprofundo a um ponto de me envolver totalmente com a obra a fim de poder traduzi-la bem, me apaixonei por este também.
  
O Atlas Mundial do Whisky
Dave Broom
Tradução de: Tina Jeronymo